"Este projeto foi contemplado pela Fundação Nacional de Artes - FUNARTE
no edital Bolsa Funarte de Residências em Artes Cênicas 2010"

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

"Preparing for the show"

Voilá mes amis!!! Última semana das aulas de clown. De terça a sexta apresentaremos o "show" todas as noites. Antes do show ainda temos aulas normalmente e  podemos continuar mostrando novos números na esperança de experimenta-los no show. As mudanças acontecem todos os dias, alguns números podem entrar e outros podem ser vetados se não funcionarem com o público.
Desde que começamos a mostrar os números, entramos num outro grau de aprofundamento do trabalho, pois saímos dos maravilhosos momentos de improviso e flerte com a platéia, na descoberta do nosso ridículo, e passamos ao momento de testar idéias pré-concebidas e ensaiadas.
Como manter o frescor do namoro, depois de alguns anos de casamento? Bom, é uma arte!!! E quem consegue fazê-lo sabe que é necessário desenvolver estratégias, lapidar técnicas e desenvolver uma escuta do outro fortíssima (a tal cumplicidade)...
Os direcionamentos que Philippe dá aos alunos são muito precisos, e nesse momento, começas a entender coisas que ele dizia no começo do workshop (através de suas histórias absurdas e seus personagens).
O que poderia funcionar? Porque não funciona? Cada caso é um caso, pois depende de como estás no palco e não exatamente do que fazes. Ele faz perguntas, ou só manda você sair de cena, comenta algo, ou te direciona de acordo com alguma imagem que lhe passou pela cabeça ao ver uma proposta...
Nesse período se estabele fortemente na sala de aula, o jogo do Monsier Loyal que vai contratar pessoas pro seu show, Philippe sempre fala prá fazermos nossa apresentação prá Rainha da Suécia que está lá assisitindo e o tempo todo temos que verificar se ela está gostando e se ainda continua ali.
A excitação, o medo, a fadiga, se estabelecem. Pessoas trabalhando duro pelas salas e corredores da escola, pessoas nervosas porque ainda não conseguiram entrar no show...É um jogo engraçado, e muitas vezes cruel pois te coloca frente a frente com teus limites, tuas certezas e dúvidas, teus mecanismos de proteção, tuas possibilidades de entender e jogar o jogo...
Há que descobrir uma outra lógica, de criar, de apresentar-se aos outros, de estar em relação com as coisas, algo bem personal.
Há um tempo, eu pensava que a genialidade do clown estava em sua loucura, nessa outra lógica que se apresenta quando estás em jogo com o nariz vermelho. No entanto, atualmente vejo que ela se encontra mais na possibilidade de ver exposto algo essencialmente humano que é o desejo de ser amado, a esperança de conseguir fazer o outro rir para te amar. E aí já se encontra o ridículo, pois somos capazes de fazer coisas inimagináveis só para obter isso: amor.
Bom, claro que não posso dizer isso...Afinal, não é essa a busca de todo o ser humano?
Ui...Love is in the air!!! Sim, às vezes trabalhamos tão duro e temos tão poucos resultados satisfatórios, que parece que vamos desistir, daí, no meio da exaustão, do limbo, da lama...Surge algo novo, lindo, ridículo, risível e que te põe em contato direto com as pessoas e com você mesmo!!!
Aí é só prazer!!! Vontade de amar e ser amado!!! Gratidão por estar vivo!!!!
OK!!! Agora vou me recolher prá não começar a escrever um texto de auto-ajuda!!!
Hehehe!!! Boa Noite, e aproveitem os bons sonhos!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

"Beautiful things begin in the land of the bad" - "De belles choses débutent au pays des mauvais"

 Esse é o nome de um dos capítulos do livro "The Tormentor - Le Jeu light theatre" onde Gaulier fala sobre todos os estilos ensinados na escola. De belles choses...fala sobre o clown.

Agora que estamos nos aproximando do fim do workshop, consigo visualizar melhor o todo para comparti-lo com vocês.
Em termos estruturais o workshop acontece assim: todos os dias, depois das aulas de movimento, onde trabalhamos alongamento, exercícios musculares e de acrobacia, vestimos nosso figurino e vamos ao encontro do Monsier Loyal (Gaulier nos espera com seu humor feroz)...
Quase sempre prá esquentar, fazemos o jogo do "Chefe manda" e trocamos beijos e torturas...

Nos primeiros 4 dias do workshop, Gaulier propõe exercícios com máscaras de plásticos dessas com narizes grandes, diferentes bigodes, algumas com óculos, outras sem...

Com essas ridículas máscaras, que qualquer pessoa pode comprar em lojas de festas e fantasias, ele pede prá imitarmos uma máquina de lavar russa, cantarmos uma música, fazermos caretas, ou simplismente estarmos de frente prá platéia sentindo como é estar com essa máscara e fazer algo prá que o público ria.
No quinto dia ele trouxe os narizes vermelhos e, com propostas muito simples, como "dar um susto na platéia" Buuu!!! Ele olhava prá cada um e dava um caracter ou uma proposta de figurino. Por exemplo: jogador de rugbi, órfã, professora de piano, Obelix, Hare Krishna, servente do trem, chapeuzinho vermelho,
a Vóvozinha, o Lobo, e para mim - Madame King Kong.

Seu tema de casa é compôr seu figurinno o melhor que vc pode, esse é um momento importante, pois a relação com o figurino irá ajudar na sensação de ridículo, irá aflorar alguma característica em você, será sua segunda pele, seu momento de preparação antes de entrar em cena (ou em aula) seu pequeno ritual de entrada nesse outro mundo onde belas coisas surgem da terra dos maus, dos que erram, dos que não estão em seu lugar de conforto.

Na segunda-feira da outra semana iniciamos as provas de aprovação dos figurinos, e quanto mais você compõe, com sapatos, chapéu, detalhes, mala ou bolsa...Enfim, mais você vai se completando também.

Seguem-se, então, as popostas de improviso para a descoberta do clown.
A didática de Philippe parece adidática, pois a explicação dos exercícios se dá muitas vezes através de contos, histórias, brincadeiras com seus personagens inventados, eu costumava ficar completamente confusa...Ia entendendo conforme via os outros fazerem ou fazendo e jogando ali mesmo com a confusão que tinha.

Para a maioria da turma que já está há um ano na escola, vejo que já estão familiarizados com essa forma de ensinar e simplesmente jogam com Philippe.

Confesso que fiquei bastante tempo sentindo dentro de um nevoeiro "Entre Tinieblas" como o filme de Almodóvar...Não conseguia ver nada claramente, e o que achava que sabia não conseguia utilizar na frente desta exigente platéia comandada por Philippe.

É um trabalho penoso prá todos, mesmo os que já conseguiam se encontrar mais desde o princípio, quando começavam a achar que já tinham encontrado alguma coisa para repetir e fazer rir, não funcionava, virava mecânico, perdia o frescor, a vida...

Na concepção de Philippe, o Palhaço entra em cena prá fazer rir, não tem que ser poético, nem dar nenhum recado, nem ser filosófico, nem ter opinião política...Tudo que ele faz é mostrar sua humanidade,com suas ridículas e inusitadas idéias prá fazer a paltéia rir, colocar-se de frente com o flop e deixar com que os outros riem dessa situação.

Podem ficar tranquilos que mais adiante discorrerei sobre "os conceitos" utilizados na escola como flop, por exemplo.

Bom, seguimos na sequencia do workshop.
No mesmo dia do final de Le Jeu (12 de nov) a turma apresentou-se para o pessoal do primeiro ano e a proposta de Gaulier foi de que imitássemos um clown que nos chamava atenção, então teríamos que prestar bem atenção durante a semana, escolher alguém, vestir o figurino e maquiagem desse clown e imitá-lo frente ao público.
Foi muito divertido, porque a maioria dos alunos se divertia muito imitando e ressaltando as características ridículas do outro...Sempre é divertido tirar sarro dos outros, sendo assim Phillipe, na outra semana aconselhou que, a partir de agora nos divertíssimos da mesma maneira tirando sarro de nós mesmos, do nosso ridículo.
Mas aí entra uma questão muito importante que é, conseguir ter a visão clara de onde se encontra o nosso ridículo, delineando e aproveitando detalhes, repetindo ações que "funcionaram" com o público, com o mesmo frescor e prazer que fizemos ao zombar carinhosamente do colega.

É uma busca no meio da neblina e no meio da lama, onde o espelho de nós mesmos tá no olho do outro (platéia) e o termômetro na risada. O caminho vai sendo trilhado como num jogo de quente e frio. Escutar a si e escutar a platéia é o exercício mais delicado e minucioso.

Atualmente estamos trabalhando em duplas para a montagem de números que vamos apresentar na últimas semana de aula, entre os dias 12 e 17 de dezembro. ui ui ui ui.....

Estou trabalhando com Martina (italiana arretada) e a proposta para a criação do número, prá todoas as duplas é de que os clown tem que apresentar a peça "As Três Irmãs".
Como os clown não tem referências de desta peça de Russa, irão inventar muitas formas de fingir que sabem muito bem o que estão fazendo e apresentarão suas próprias versões.

Entramos na etapa de ensaiar propostas e repeti-las em frente ao público e principalmente, apresenta-las ao Monsier Loyal para tentar estrelar no espetáculo. Pois se você não tiver um número bom, não poderá se apresentar.

As coisas foram se clareando prá mim, principalmente porque fui entendendo melhor o jogo de Philippe e consigo agora jogar com o Monsier. Os direcionamentos que ele dá para os números são muito precisos e clareiam as possibilidades de onde cada um pode chegar.

A tentativa de colocar em prática as "idéias maravilhosas" que temos nos ensaios, de repetir o que deu certo no dia anterior, de formatar ações e ao mesmo tempo estar aberta para escutar a pulsação da cena, o tempo das coisas...Uf, uf, ufffff!

E principalmente, de não acreditar mais numa idéia, num acessório, num boneco, mais do que em nós mesmos...Philippe sempre fala : "Eu quero ver você, quero ver o clown, não quero ver seus acessórios, seu boneco, suas grandes idéias...Nada é mais importante do que você e sua relação com o público! Tudo é apenas uma estratégia para estar com o público, faze-lo rir e ser amado".
E todos temos a tendência de nos escondermos atrás de tantas coisas, é dificílimo encontrar a simplicidade, desenvover somente uma idéia, ou uma imagem, simplesmente estar...

Como os bichos e as crianças, que só estão...Estão para ser amados, para brincar, para aproveitar todas as pequenas coisinhas boas da vida!

"This nose, the smallest mask in the world, has another virtue. It reveals the students face, their body, their dreams, their foolishness and their shyness (or arrogance) when they reached the age of seven." Pg. 293 - The Tormentor - Gaulier


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Boummmm: O Fim do Jogo




















Depois de um mês intensivo na escola, estudando de dia "Le Jeu" e à noite "Clown", além da adaptação que o corpo-mente-espírito necessita para engrenar num outro estilo de vida, outros sabores, paisagens, ritmos, relações pessoais, queijos e vinhos... Nessa sexta-feira dia 12 de nov. Finalizamos o workshop, com uma aula aberta para os alunos do segundo ano.
Um dos exercícios propostos nesse dia foi um cabaré, onde poderíamos apresentar cenas, números, músicas, o que seja, desde que o prazer esteja conosco e não sejamos "boring" como sua irmã Claudine (um dos personagens que Gaulier utiliza para "clarear" sua metodologia). E sempre prestando atenção à menção que ele faz de rufar o tamborzinho, o que indica que você está prestes a sair de cena.
Muitas questões, sensações, relações, dúvidas e fisgadas de certezas surgiram nesse primeiro mês aqui.
Não posso falar de uma metodologia, porque o próprio Gaulier não se preocupa em passar técnicas, é tudo um jogo que se estabelece entre ele e os alunos, e, aos poucos você vai entendendo um jogo, depois se perde novamente, e em seguida entra em outro jogo.
A cumplicidade entre o parceiro de cena, ou entre você e a platéia é desenvolvida de uma forma sutil, que não procura dar segurança ao ator e sim, deixá-lo sempre a beira de abismar-se...Pelo prazer de estar em cena, de mostrar algo seu, humano...E assim, o que parece simples, se torna muito complicado.
É possível ver os mecanismos de cada um, como  reagem : o corpo, a voz, a postura, as idéias de cada um quando se vê desnudo em cena.

E quando acontece de alguém realmente se mostrar, na sua tão própria beleza é realmente um prazer prá todos...Seja sambando, como na avenida, seja cantando uma singela música grega, seja dizendo um texto trágico depois de receber àgua fria na cabeça.


 Um dia ele me disse que eu tenho que querer ser livre todos os dias...

Bom...Chega de declarações...Preciso organizar, fichar, nomear, entender, me ocupar do meu diário de bordo... Agora são 3 horas da madrugada de uma noite muito fria...
Voltarei logo com notícias sobre o workshop de Clown...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A busca da cumplicidade e do prazer

Jogo de hoje que quero destacar, é o Mestre Manda (brincadeira de crianças) mas com tortura, hohoho!!
O mestre mandou andar pelo espaço, o mestre mandou parar e assim por diante. Se uma ordem é dada sem que se diga antes "O mestre mandou" não devemos segui-la, quem segue cometeu um erro e deve ser torutrado por Monsier Gaulier.
Prá se salvar você pode pedir um beijo ou nada, se ele (o Monsier) aceitar vc pode tentar com algum de seus colegas "May I Kiss you?" e se a pessoa aceitar, Ok vc beija e está livre, se ela disser não, então você será torturado. É uma delícia ver o Gaulier se divertindo ao torturar os alunos...
A cumplicidade vai se instalando entre os colegas e você pode descobrir o prazer de dedurar alguém, de se entregar pro carrasco, de pedir um ou mais beijos e de negar os beijos prá ver alguém ser torturado.
Ah! Sem contar no prazer de SER torturado!!!
Peço calma às pessoas de bem que não costumam pagar prá fazer esse tipo de workshops por aí, pois a tal tortura é uma brincadeira muito divertida e ver alguém ser torutrado é tão pesado quanto fazer "Guerra de Travesseiro".
Em todos os outros exercícios do dia, as palavras de ordem continuam sendo CUMPLICIDADE e DIVERSÃO. E nada como um bom jogo ou brincadeira prá experimentar essa sensação poderosa de prazer.
Numa outra proposta de jogo, as duplas eram adversárias. Imagine duas cadeiras, uma em cada canto da sala, um círculo no meio e dentro desse círculo uma bola. quando o Monsier toca seu tambor, você tem que pegar a bola e levar até sua cadeira (ganha 1 ponto) ou até a cadeira do outro (ganha 2 pontos), mas se vc pegou a bola o adversário pode tocar em vc e ganha o seu ponto.A dupla se prepara, olho no olho, ele toca seu tambor e começa o jogo.
Prá mim é um pouco difícil acessar a cumplicidade jogando como adversária e tendo um objetivo tão difícil a alcançar. É certo que sempre ouvimos que ganhar nesse caso não é o mais importante, mas também não podemos deixar o objetivo do jogo de lado, mas hoje conversando com Rodrigo, meu colega,
chegamos a possibilidade de pensar em uma outra qualidade de cumplicidade. Essa menos amorosa, mais conflitiva que leva o adversário a superar seus limites, tentando alcançar o tal objetivo. Somos adversários mas estamos os dois no mesmo barco. Bem como quando Gaulier fala do prazer dos atores que atuam juntos representando personagens que vão matar um ao outro, o prazer de estar junto criando aquele universo.
Por hoje é só pessoal!!!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Primeiro encontro com Gaulier

Hoje comecei os dois primeiros módulos: Le Jeu (das 14hs às 17hs) e Clown (das 17hs às 20hs). Jornada intensiva e cansativa por conta da língua, na escola eles ensinam em inglês e na rua tenho que falar francês.
Juntando com todas as novas informações de trajetos, pessoas, ensinamentos e paisagens...Tem horas que a cabeça fica um pouco louca...
Destacarei somente os pontos mais interessantes das duas aulas, prá que vcs não desistam de me acompanhar.

No Le Jeu (o jogo) destaco um exercício muito simples que consiste em segurar uma bola de tênis na testa, em duplas, e se deslocar pelo espaço, sem colcoar a mão na bola e sem deixá-la cair. Um guia o outro segue e depois troca. Trataremos aqui de uma questão basal no trabalho do Gaulier e que utilizei em meu projeto como uma das diretrizes prá guiar minha pesquisa, a tal da cumplicidade!!!!
Como o Monsier (ou o professor) pode instaurar em sala, e fomentar entre os alunos a cumplicidade? E como o performer pode instaurar a cumplicidade com o público?


Quando a cumplicidade realmente acontece é interessante acompanhar o que se passa entre a dupla como espectador, e como ator você vai ganhando uma confiança tão grande que pode inventar coisas em conjunto na cena. Saber guiar e se deixar ser guiado, parece até que nem conseguimos perceber direito quem guia e quem está sendo guiado. Você sente tanta confiança que consegue se arriscar em conjunto com o outro, relaxar e brincar.
Brincar, um outro ponto que voltaremos a falar mais vezes é a expressão "To have Fun"...Palavras de ordem!
Ok!!! Estamos sempre à procura disso no jogo e, quando encontramos, temos que continuar trabalhando prá não perder...Hehehe!

Para a aula de clown:
Uma maleta com várias máscaras de plástico dessas com narizes grandes e bigodes. Você coloca umas dessas máscaras e vai pro palco se apresentar pros seus colegas, sou nome, o que você gosta de fazer, etc...
Segundo Gaulier, o clown tem que fazer rir...Com as sua tolice, sua fragilidade e humanidade. 

Quando estiver com um problema, não se livrar do problema e sim aproveitá-lo até o final. Se a platéia tá gostando de algo, continua...Não desiste no meio...Principalmente se a platéia está gostando, te amando!

Bom, já deu prá entender que é um grupo bem diverso. A turma é formada por pessoas da Inglaterra, Espanha, Australia, Brasil, Austria, Itália, EUA, Portugal, Canadá, Suécia, China...Diferentes culturas, mas não como as daqui do meu bairro: Argelinos, Marroquinos, Africanos, Indianos. De qualquer forma, o corpo e o comportamento de cada aluno no curso estão expostos e é esse o material de trabalho no nosso caso, então, já podemos notar algumas diferenças culturais que aparecem nos exercícios.

Bon, Voilá! Esse é só o primeiro dia...

sábado, 16 de outubro de 2010

Anne Teresa, Jerôme Bel e Ictus - Théatre de la Ville

Arnold Shoenberg escreveu uma transcrição do último movimento de uma peça de Gustav Mahler "Das Lied von der Erde" e os coreógrafos fazem agora uma 3ª interpretação. O último movimento é "Der Abshied" traduzido pro Francês como a partida. A bailarina deixa-nos ouvir a peça prá começar o espetáculo e depois conta como resolveu dançar uma peça que fala da morte, mais precisamente do momento em que aceitamos a morte. Belos momentos foram divididos com uma platéia atenta, a parte de comentários sobre o espetáculo, veio à tona um assunto que me ronda no momento...
As partidas, as mortes, as despedidas...Quantas mortes e quantas despedidas pode um ser humano viver numa só vida? E a escolha do tema da peça me tocou tanto, por ser exatamente o momento da aceitação da morte...estar ciente de sua presença e deixar-se encontrar por ela, ir ou ficar com ela...

E será que um dia conseguimos realmente saber lidar com esse(s) momentos?

Acho esse um grandioso tema, prá criação de uma peça e da própria vida!!!

Agora chega (como diz a Clarice Lispector) fui fundo demais e preciso parar prá descansar...

Arrivée...

Primeira semana: reconhecimento de espaço! Vejo de tudo um pouco, pessoas e produtos de todas as nacionalidades convivem nos mesmos espaços, mas parece aos meus olhos de estrangeira recém chegada que a miscigenação não acontece...


Sacré-Coeur Sagrado Coração meu...Fora: a agitação, o barulho, diferentes pessoas se cruzam em diferentes ritmos. Dentro: a grandiosidade, o silêncio luminoso dos vitrais coloridos.Nesse momento de reconhecimento é necessário abrir espaço e silenciar...Prá captar com o coração aberto a experiência que começa.

 Da Pont Neuf - um "promenade" pelo Sena e uma paradinha como os "Amantes da Pont Neuf", a agitação e a tranquilidade dividem os espaços da cidade toda. Depois fomos até o Louvre e me perguntei quantas visitas seriam necessárias prá absorver pelo menos uma parte de tudo aquilo. Bom, é claro que isso não será um diário de visitas a pontos turísticos, e logo entraremos mais nos aspectos específicos da pesquisa...Mas percebi que a pesquisa já começou...Então resolvi dividir esses territórios superficialmente visitados prá dar uma idéia do percurso. Beijos e Bon Soir!!!